Alberto
Caeiro era o mestre de todos os outros heterônimos, além de ser mestre do
próprio Fernando Pessoa. Nascido em 16 de abril de 1889, Caeiro era órfão de
pai e mãe e viveu a vida inteira no campo com sua tia. Caeiro faleceu em 1915,
tuberculoso.Fruto de um
local bucólico, Caeiro defende a simplicidade da vida e seus
pensamentos são extraídos do contato com a natureza e a vida simples. Ele procurava ver o real e como a
realidade se configura de maneira simples.
Apresentando-se como rústico e ingênuo, considera que o verdadeiro conhecimento é aquele oriundo das forças sensitivas, pois acredita que a racionalidade preconizada pela ciência acaba por destituir a naturalidade humana, ao criar mistérios que na verdade não existem. Tais pressupostos pedem ser conferidos em O guardador de rebanhos:
Apresentando-se como rústico e ingênuo, considera que o verdadeiro conhecimento é aquele oriundo das forças sensitivas, pois acredita que a racionalidade preconizada pela ciência acaba por destituir a naturalidade humana, ao criar mistérios que na verdade não existem. Tais pressupostos pedem ser conferidos em O guardador de rebanhos:
I
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr do Sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
É se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do Sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
[...]
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr do Sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
É se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do Sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
[...]
Mestre dos outros
heterônimos e do próprio Fernando Pessoa Ortônimo porque, ao contrário destes,
consegue submeter o pensar ao sentir, o que lhe permite:
-viver sem dor;
-envelhecer sem angústia e morrer sem desespero;
-não procurar encontrar sentido para a vida e para as coisas que o
rodeiam;
-sentir sem pensar;
-ser um ser uno (não fragmentado);
Poeta do real
objetivo, pois aceita a realidade e o mundo exterior como são com alegria
ingenua e contemplação, recusando a subjetividade e a introspecção. O misticismo foi banido do seu universo.
Poeta da Natureza, porque anda
pela mão das Estações e integra-se nas leis do universo como se fosse
um rio ou uma árvore, rendendo-se ao destino e à ordem natural das coisas.
Temporalidade
estática, vive no presente, não quer saber do passado ou do futuro. Cada
instante tem igual duração ao dos relâmpagos, ou à das flores, ou a do sol e
tudo o que vê é eterna novidade; É um tempo objetivo que
coincide com a sucessão dos dias e das estações.
A Natureza é a sua
verdade absoluta.
Antimetafísico, pois deseja abolir a consciência dos seus próprios pensamentos (o vício de pensar), pois deste modo todos seriam alegres e contentes.
Crença que as coisas não têm significação: têm existência, a sua existência é o seu próprio significado.
Antimetafísico, pois deseja abolir a consciência dos seus próprios pensamentos (o vício de pensar), pois deste modo todos seriam alegres e contentes.
Crença que as coisas não têm significação: têm existência, a sua existência é o seu próprio significado.
Algumas das obras do heterônimo Alberto Caeiro
· O Guardador de Rebanhos
· O guardador de rebanhos
· A Espantosa Realidade das Cousas
· Um Dia de Chuva
· Todos os Dias
· Poemas Completos
· Quando Eu não tinha
· Vai Alta no Céu a lua da Primavera
· O Amor é uma Companhia
· Eu Nunca Guardei Rebanhos
· O Meu Olhar
· Ao Entardecer
· Esta Tarde a Trovoada Caiu
· Há Metáfisica Bastante em Não Pensar em Nada
· Pensar em Deus
· Da Minha Aldeia
· Num Meio-Dia de Fim de Primavera
· Sou um Guardador de Rebanhos
· Olá, Guardador de Rebanhos
· Aquela Senhora tem um Piano
· Os Pastores de Virgílio
· Não me Importo com as Rimas
· As Quatro Canções
· Quem me Dera
· No meu Prato
· Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada
· O Luar
· O Tejo é mais Belo
· Se Eu Pudesse
· Num Dia de Verão
· O que Nós Vemos
· As Bolas de Sabão
· às Vezes
· Só a Natureza é Divina
· Li Hoje
· Nem Sempre Sou Igual
· Se Quiserem que Eu Tenha um Misticismo
· Se às Vezes Digo que as Flores Sorriem
· Ontem à Tardeterr
· Pobres das Flores
· Acho tão Natural que não se Pense
· Há Poetas que são Artistas
· Como um Grande Borrão
· Bendito seja o Mesmo Sol
· O Mistério das Cousas
· Passa uma Borboleta
· No Entardecer
· Passou a Diligência
· Antes o Voo da Ave
· Acordo de Noite
· Um Renque de árvores
· Deste Modo ou Daquele Modo
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